A
via sacra
A via sacra é uma oração que nos lembra do longo e
doloroso percurso feito por Cristo antes da crucificação, visto de modo
perfeito e heroico já que foi feita a vontade de Deus. Normalmente a via
sacra ou via crucis é feita nas quartas
e sextas-feiras no período da quaresma, no entanto sua importância e seu valor
espiritual devem ser lembrados durante todo o ano, por aqueles que se sentirem
sensibilizados à “amenizar” as dores sofridas por Cristo, penitenciando-se de
suas próprias
culpas. A via sacra é divida em 14 estações ou vias que vão ser melhor explicadas abaixo.
Primeira
Estação: Jesus
é condenado à morte
...Senhor
Jesus, por que Vos condenaram à morte? Que foi que fizestes que merecia a
morte? Curaste doentes, alimentastes famintos, ressuscitastes os mortos,
perdoastes aos pecadores, respeitastes as autoridades, trabalhastes para o bem
da humanidade, fostes humilde, manso, bondoso, misericordioso. Por que esta
sentença tão cruel e humilhante?
... O nosso orgulho, inveja, egoísmo, covardia,
comodismo, calúnias, apego exagerado pelas coisas deste mundo Vos condenaram.
Eis aqui o segredo da injusta sentença. Tenho que perguntar-me: o que eu fiz
com Cristo? Não O condenei, por acaso, a morrer?
... Cristo, ajudai-me a viver o Vosso Evangelho
até a morte.
Segunda
Estação Jesus
toma a cruz aos ombros
...Cristo, eis a Vossa cruz. Será que esta cruz é
Vossa? Na verdade ela é nossa. Assumistes a nossa cruz. A grandeza e o peso
desta cruz cresceram dos nossos pecados, que destruíram a ordem do amor. Todos
os pecados do mundo nos Vossos ombros. O mundo grita, xinga, critica, está
rindo em sua loucura... Cristo sofre e caminha em silêncio para me salvar.
... Cristo, Vossa Via-sacra foi para mim.
Ajudai-me cada dia, pela manhã, partir para a minha via-sacra e ficai ao meu
lado, porque sou fraco.
Terceira
Estação: Jesus
cai por terra
... As forças estão se esgotando. Calor, solidão.
A terra parece mover-se. Cristo tropeça, perde o equilíbrio e cai. Sente a
terra, a poeira na boca. O peso da cruz o sufoca.
... Nós partimos cheios de confiança e um dia
caímos. Percebemos no nosso caminho uma flor, uma ilusão e tivemos tanta
vontade de levá-la. Então paramos, traímos o caminho difícil e ficamos longe do
caminho de Cristo.
... Até quando vou ficar frio e passivo? Cristo,
estou tão longe de Vós. Cristo, ajudai-me a partir de novo. Protegei-me contra
minhas quedas que cansam e deixam vazio o meu coração. Quero seguir-Vos.
Ajudai-me a levantar-me do meu pecado.
Quarta estação: Jesus encontra sua mãe
... Quanta dor da Mãe neste encontro. Ela vai com
Seu Filho. Ela vai na multidão despercebida, preocuapda com seus filhos. Não
fala, vai junto com Jesus, preocupada com todos nós.
... Cristo, mostrai-nos Vossa Mãe humilde e
dolorosa para nos comovermos e nos convertermos. Ajudai-nos a caminhar juntos
com nossos irmãos, participar dos problemas deles, sofrer com eles como sofreu
Maria -- Vossa e nossa Mãe.
Quinta estação: Cirineu
ajuda a carregar a cruz
... Cirineu atravessava o caminho por onde Cristo carregava a cruz. Pararam-no,
o primeiro, desconhecido... Cristo aceita a ajuda. Aceita uma ajuda forçada de
um homem teimoso. Deus Onipotente e Todo-poderoso permite que o homem O ajude.
Deus precisa de um homem fraco. Tanta humildade!
... Nós também precisamos dos outros. Nosso
caminho é também duro e perigoso demais para podermos vencê-lo sozinhos. E
tantas vezes, orgulhosos, afastamos as mãos que nos querem ajudar. Mais ainda,
pensamos que Cristo é desnecessário em nossa vida. Queremos agir sozinhos. Ao
lado de mim vai: amigo, esposa, marido, pai, mão, vizinho, companheiro do
trabalho, irmão desconhecido... não posso ignorá-los. Todos juntos precisamos
salvar o mundo.
... Cristo, que eu perceba e aceite com humildade
os meus irmãos Cirineus que caminham comigo e também aqueles que foram forçados
a caminhar comigo.
Sexta
estação: Verônica
enxuga o rosto de Jesus
... Verônica olhava para Seu rosto. Rosto sujo, cansado. Cabelos
grudados com poeira, sangue e suor. Estremeceu em si, não podia esperar mais.
Na presença dos soldados e inimigos enxugou o rosto de Cristo. O rosto doloroso
de Cristo imprimiu-se no pano e no coração. Precisamos olhar o Cristo, para nos
tornarmos um pouco semelhantes a Ele. Passamos tantas vezes ao lado de Cristo e
nem sequer olhamos para o rosto dEle. Por isso somos apenas tirstes máscaras
Suas e não temos semelhança com Ele.
... Desculpe, Jesus, os meus impuros olhares. Os
outros não podem ver em mim Vossa luz e Vossa imagem.
... Desculpe, Jesus, o meu corpo desejoso de
prazeres. Ninguém consegue descobrir em mim um pouco de Vós.
... Desculpe, Jesus, o meu coração cheio de ódio e
egoísmo. Ninguém consegue descobrir nele o Vosso amor.
... Ajudai-me, Senhor a ser a Vossa viva imagem.).
Sétima
estação: Jesus
cai pela segunda vez
... Cristo está no fim das Suas forças. O peso da cruz, o calor, o caminho em
subida,... as forças se esgotam, o caonsaço cresce. Cristo cai de novo por
terra. São os pecados horríveis que o oprimem. Tão depresa acostumo-me a
praticar o mal. Falta de fidelidade, falta de prudência. Não enxergo mais nada
-- só o mal. Procuro o mal. Estou caído, desanimado. Não vejo os outros no
caminho, meus olhos fechados, meus ouvidos surdos. Mas tenho medo de ficar
assim. Sei que essa não é a posição digna, humana.
... Cristo, dai a mão a um mísero caído,
levantai-me, sacudi a poeira pecaminosa dos meus olhos, lavai-me da minha
sujeira. Dai-me novas forças para que eu possa levantar-me e caminhar ao
Calvário da vitória, a glória final.
Oitava
estação:Jesus
consola as mulheres piedosas
... As mulheres choram, lamentam, vendo Cristo. Não
podem ajudar, limitam-se a chorar. Têm pena de Cristo.
... Cristo, embora cansado, percebeu-as, ouviu-as.
É mais conveniente chorar os nossos pecados, porque a causa da via dolorosa de
Cristo são nossos pecados. Dignos de lamentação somos nós, pecadores.
... Perceber os pecados dos outros é sempre mais
fácil do que chorar os nossos.
... Cada um passa diante do meu tribunal; o mundo
todo -- prefiro jultar os outros do que a mim e descubro facilmente culpados:
bêbados, preguiçosos, fofoqueiros, falsos, mentirosos, injustos, egoístas -- só
eu o perfeito.
... Cristo, ajudai-me a descobrir uma verdade
muito velha e sempre nova: que sou pecador e isso preciso lamentar.
Nona
estação:Jesus
cai pela terceira vez
... Cristo cai de novo. Os soldados batem. Cristo
não se mexe. Senhor, morrestes?!
... Ainda não, as forças quase acabaram. Restou
ainda um pedacinho do caminho: dois, três passos... Neste estado isso é quase
impossível. Senhor, caístes a terceira vez, mas já no alto do Calvário onde vão
levantar a cruz.
... Eu também caí de novo. Sempre estou caindo. Às
vezes duvido se poderei levantar-me. Mas vendo-Vos a meu lado, recupero as
minhas forças e certamente vencerei com Vossa graça.
Décima
estação: Jesus
é despido das Suas vestes
... Cristo não tinha mais nada a não ser uma
veste. Mas isto foi ainda demais. Agora não existe mais nada entre o corpo de
Cristo e a cruz. Os homens uniram a cruz e o corpo para sempre.
... Cristo, Vossa veste era comprida, digna da
pessoa humana. Nós precisamos abandonar também as vezes, vestes provocantes,
indecentes, para que possamos defender nossa dignidade humana.
... Senhor, fazei que morra tudo em mim que ofende
a Vossa santa vontade. Gosto tanto de muitas coisas pequenas que são minhas,
mas se isso for necessário para viver verdadeiramente, tira tudo de mim. É
melhor morrer, para depois viver. Assim como o grão que precisa morrer para dar
frutos.
Décima
primeira estação:Jesus
é pregado na cruz
... Cristo estendido na cruz cobre-a perfeitamente
para ser unido perfeitamente a ela. Os pregos atravessam o corpo. Cristo
permite que o homem apanhe brutalmente as mãos e os pés dEle e pregue na cruz.
Agora nenhum movimento é possível.
... Nós também precisamos aceitar a nossa cruz na
hora presente. Não podemos escolher. Temos que aceitar a nossa cruz. Ela é
pronta, feita para meu tamanho, feita dos meus sofrimentos. Temos que
apegar-nos a ela.
... Isto não é fácil. Mas não posso encontrar o
Cristo de outra maneira. Cristo espera por mim na cruz para, junto com Ele,
redimir o mundo, nossos irmãos.
Décima
segunda estação: Jesus
morre na cruz
... As três horas de agonia são tão compridas, parecem sem fim. Mas compridas
do que três anos, do que trinta anos de vida. Tudo preparado. Cristo morre. A
vida pára, o coração não bate mais. O Coração grande como o mundo -- o mundo de
pecados que carrega em si.
... O mundo talvez ainda não saiba, mas,
inconscientemente, estende os braços gritando: "salvai-nos, salvai-nos,
Senhor, não podemos mais viver assim, tirai-nos do pecado".
... Quando eu morrer, Cristo, deixai-me entregar o
meu coração a Vós, morrer para Vós, para viver em Vós.
Décima
terceira estação: O
corpo de Jesus é depositado nos braços da Mãe (Jesus é retirado da cruz)
... A Vossa obra, Cristo, é consumada. os pregos
são desnecessários. Agora podeis descer e descansar. Devagarinho descem-no da
cruz. A Mãe recolhe-O nos seu braços. Tanta dor atravessou a sua alma, mas
agora...
... Nós também estamos cansados, vamos adormecer
um dia para sempre. Mas em que estado vamos morrer?
... Nossa Mãe: vigiai sobre nós cada noite.
Tomai-nos nos Vossos braços na última hora, não largueis-nos nunca, por favor.
Não esqueçais de nós, pois sois o "Refúgio dos pecadores".
Décima
quarta estação: Jesus
é depositado no sepulcro
... Cristo é depositado no sepulcro. Na entrada, uma grande pedra. Os amigos
não podem mais ajudar. Resta a esperança na ressurreição.
... Nossa ressurreição será no fim do caminho.
Embora o caminho seja difícil, sabemos que Cristo espera por nós na Sua glória.
... Senhor, ajudai-nos a atravessar este caminho
fielmente.